Bom esse causo auqi vai em homenagem ao meu pai que é fã de causos e principalmente se fopr contato pelo Rolando Boldrin.
Gervásio e o Sino
Apesar de bêbado, Gervásio era um homem esperto.
O caboclo Gervásio, lá dos fundões do interior de São Paulo, é um tipo amalandrado. Trabalha duro na roça, ama a mulher, mas gosta de tomar a marvada no fim do dia. A comadre é que não gosta muito das bebedeiras do marido, mas toda vez ele vai dando um jeito de dobrar a coitada. Teve um dia que Gervásio foi saindo, pé ante pé, rumo ao bar mais perto de casa. A mulher já foi logo avisando:
Mulher – Ocê vai, Gervásio, mas meia-noite eu fecho a porta.
Gervásio – Pode confiar, docinho. Antes da meia-noite eu tô aqui!
Ele se foi. Só que emenda conversa com um, conta um causo de pescador pra outro, o tempo foi indo. Quando viu, já era tarde demais. O sujeito vai pra casa, chega perto da porta devagar e, quando vai bater, o sino da igreja toca uma vez. E dá-lhe aquele barulho imponente que só igreja do interior tem, que ecoa nas montanhas lá longe. Ele arrisca bater na porta mesmo assim.
Mulher – Eu não falei que ocê não entrava depois da meia noite? Já é uma da manhã, seu bebum.
Gervásio – É nada, mulher… Bateu 10 horas agorinha mesmo...
Mulher – Que nada, homem! O sino bateu uma vez só, não ouviu?
Gervásio – E ocê queria que ele batesse o
“0” como?
Podia estar bêbado, mas Gervásio era malandro que só vendo.
Autor: Rolando Boldrin